sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Nos últimos meses da minha vida houve uma razão para eu acordar todos os dias. Tu foste essa razão. Quis aprender, crescer, tornar-me mais forte, porque sabia que tu precisavas de mim. Dei tudo para matar a tua sede, para te curar, para te dar esperança. O que tu me deste também foi preciso. Eu também precisei de ti. Fizeste de mim uma mulher com a tua boca. As tuas mãos desenharam o meu corpo de adulta. Foi bom, mas não chega. Para mim, não chega. Não tenho recursos para conseguir encher o deserto que trazes dentro de ti, que só floresce quando tu agarras nos meus ombros e devoras o que armazenei nas semanas em que não nos vemos. Agora, amo-te com desespero e desalento, como se já me tivesse perdido de ti, embora queira sempre voltar a ver-te. É estranho e não me dá felicidade. Pelo contrário, enche-me de inquietação e de medo. Não gosto, nem posso viver com medo. Nem posso amar com medo. Não te quero magoar, mas gostaria que nos próximos tempos nos mantivéssemos calados para ouvir o barulho que os nossos corações fazem. Se eu gritar o teu nome ficarei mais forte para ti. Mas agora, preciso de tempo. Não fiques zangado comigo. Tempo, apenas tempo. Desculpa-me. Eu ainda não sei ser como tu. E eu sempre te disse que não sabia nada sobre o amor."

1 comentário:

real republica disse...

"águas das fontes calai
óh ribeiras chorai
que eu não volto a cantar"