O livro da tua existência reside intacto, na prateleira do meu pretérito-imperfeito. Emporcalhado de pó e memórias consumidas, quase gastas pelo horror de me esquecer que ele lá existe.
Sinto-me irrepreensível, completa, pelas vezes que atravesso a tua rua do avesso, cheia de cantos desenhados a mãos amarradas e quando o cheiro familiar me esvazia a vontade de subir as escadas imensas, incalculáveis, nojentas da perdição.
É engraçada a recordação aflita de há precisamente doze meses atrás, ao percorrer o teu corpo fatigado da vida, imundo de fumo. Confortável esta sensação que me alaga de passado-presente, eterno.
365 dias vazios, cheios de nada ou de coisa nenhuma, com o teu nome cravado no peito e sangue derramado pelos corredores da vida. Meu Pretérito-Perfeito, Passado.
1 comentário:
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