Há pessoas que penetram a nossa vida tão brusca e silenciosamente que não nos apercebemos como entram pela porta de trás, como os vizinhos de há 50 anos - irmãos de laços e conversas inacabáveis - para pedir ovos e conforto.. Mas de repente estão dentro da nossa casa, comem à nossa mesa e partilham o sofá connosco durante o telejornal das 8, para os habituais comentários sarcásticos de que o país continua a ir muito bem. Como se sempre tivessem ocupado o nosso espaço, dentro das quatro paredes permiáveis e translúcidas, abertas ao Mundo.
Até ao dia em que partem um prato - mesmo distraídamente e sem qualquer intenção maliciosa. Nós vamos a correr limpar, apanhamos tudo caco a caco e certificamo-nos que a pessoa em questão não se magoou. Limpamos tudo aprumadamente, podemos até comprar um serviço de mesa para substituir o actual. Mas nunca é a mesma coisa. O parto está partido e nem o tempo te limpa da memória os cacos espalhados no chão.
1 comentário:
És de literatura, abre esses horizontes para algo mais construtivo. Andar sempre a bater na mesma tecla não compensa eternamente.
Beijinhos
Enviar um comentário