quinta-feira, 19 de novembro de 2009

too much

"Aquele era o tempo em que as mãos se fechavam e nas noites brilhantes as palavras voavam, e eu via que o céu me nascia dos dedos, e a Ursa Maior eram ferros acesos. Marinheiros perdidos em portos distantes, em bares escondidos, em sonhos gigantes. E a cidade vazia, da cor do asfalto, e alguém me pedia que cantasse mais alto.
Aquele era o tempo em que as sombras se abriam, em que homens negavam o que outros erguiam. E eu bebia da vida em goles pequenos, tropeçava no riso, abraçava venenos. De costas voltadas não se vê o futuro, nem o rumo da bala, nem a falha no muro. E alguém me gritava com voz de profeta, que o caminho se faz entre o alvo e a seta.
De que serve ter o mapa, se o fim está traçado; De que serve a terra à vista, se o barco está parado; De que serve ter a chave, se a porta está aberta; De que servem as palavras, se a casa está deserta?" Pedro Abrunhosa

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