sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eu não aguardava por ti, nem por saber se regressavas, outra e outra vez, carregado de ódio, pronto a descarregar em mim, contra uma qualquer parede enorme da tua casa. Esperava pelo fantasma que deixaste quando te foste embora, a abrir-me a porta da Felicidade com um tapete de boas-vindas carregadas de um vermelho-fogo sobre o azul-do-mar.
Durante meses te fizeste herói e senhor dos meus dias, levaste o alento que me sustentava os passos e os sentimentos que me levavam para lá da Lua, Marte, até Plutão; mesmo onde achei impossível algum ser humano um dia navegar.
Começo agora a desprezar a vontade de tirar um único pé da Terra, para cruzar as nuvens do nosso insignificante planeta; insignificante aos nossos olhos. Não me compete amar aquilo que, deveras, não me pertence.
Todos os reconhecimentos foram já feitos, e não me venhas exigir mais daquilo que te posso dar; mais até do que tenho para mim. Não te devo nada. Agradeço-te sim, por todo o bem e mal que me fizeste. Pela falta de sinceridade em tudo isso, que me ajudou a distinguir, hoje, o poço enorme que chama o meu corpo – tal como tu -, da felicidade inatingível que está cada vez mais perto.
Perdura o sorrir que ainda abrigo cada vez que o teu nome me passa pela cabeça ou pelo ecrã do telemóvel; e esse sim, devo-to de alma e coração, e será eternamente usado quando a tua essência adormecer ao meu lado, na cama, a aquecer-me os pés numa noite de Inverno rigoroso.
Não me interessa quem deu mais ou menos, melhor ou pior (…). Tu ficaste repleto de mim, e eu vazia de ninguém. Agradeço-te ainda as noites em que a almofada acordou a seco, a meio do sono, pela força que insististe em ensinar-me; de armas nos punhos, sou hoje muito Maior.

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