terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu quis ver-te morto, mas nunca te quis matar, entendes? Agora cadáver não compreendes nada, que estupidez. Estou a tagarelar para um esqueleto que continuo a amar, de sinuosidades exactas, e as minhas unhas rasgadas em cada poro, como uma declaração grotesca que insisto em fazer ao Mundo – “amo um morto, vejam lá, um morto de corpo que nasceu defunto de espírito”, pareço uma louca.
Ou estarei a ser exagerada? Logo tu, seu filho da puta, que me espancavas até cair para o chão a suplicar que não me matasses, com tamanha inteligência que nunca me deixaste a merda de uma marca. Aguardavas por mim para me esfregar na cara o paladar nauseabundo de outras mulheres que carregavas na boca e no sexo, para me provares que era tua até à ponta dos cabelos - que hoje cortei e incendiei, asfixiada em raiva.

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